Obras completas de Nicolau Tolentino de Almeida

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Editores Castro, Irmão & C.a, 1861 - 388 páginas

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Página lxix - E das suas sátiras ninguém se pode escandalizar: começa sempre por casa, e primeiro se ri de si antes que zombeteie com os outros. As pinturas dos costumes, da sociedade, tudo é tão natural, tão verdadeiro!
Página 277 - N'uma paz já vencida, um ponto afoito, Subtilmente lhe encaixa duas de oito. O perito banqueiro afronta os medos, Tendo nas mãos em que se vá vingando; Com cuspo milagroso ungindo os dedos...
Página 128 - Em dura e falsa caveira, A sua alma conversava Com Bernardes e Ferreira: Mil vezes travessas Musas Da baixa obra o desviam-, E mostrando-lhe o tinteiro Pós e banha lhe escondiam. Mas de que servem talentos A quem nasceu sem ventura? Vale mais que cem sonetos A peor penteadura.
Página 237 - O mundo, que vae perdido ; E quer que com elle aprenda Em que quadra, e em que vestido São proprios punhos de renda : Carregando a sobrancelha, A fallar na historia salta ; E logo da França velha Reconta o pobre...
Página 228 - Verás ser acceito logo Teu riso enganoso e brando ; Não esperam por teu rogo; E em tu do alto assoprando, Verás chammejar o fogo: Que alvos dedos delicados A furto se vão beijando, Em quanto os paes descuidados A loja nova admirando Pararam embasbacados! Verás sisudo estrangeiro Contando grossos tostões Ao refinado brejeiro Correio de corações, Que se compram por dinheiro...
Página lxix - Nicolau Tolentino é o poeta eminentemente nacional no seu genero: Boileau teve mais força, mas não tanta graça como o nosso bom mestre de rhetorica. E de suas satyras ninguem se pode escandalizar; começa sempre por casa, e primeiro se ri de si antes que zombeteie com os outros. As pinturas dos costumes, da sociedade, tudo é tam natural, tam verdadeiro!
Página 4 - De bolorentos livros rodeado Moro, senhor, nesta fatal cadeira; De quinze invernos a voraz carreira Me tem no mesmo posto sempre achado: Longo tempo em pedir tenho gastado, E gastarei talvez a vida inteira; O ponto está em que, quem pode, queira, Que tudo o mais é trabalhar errado. Príncipe augusto, seja vossa a glória: Fazei que este infeliz ache ventura; Ajuntai mais um facto à vossa história.
Página 3 - Por quem me quiz livrar a Mão divina: Sem vós debalde a experta medicina Traça e apparelha a desejada cura; Sem vós o indio adusto em vão procura A amarga casca da saudavel quina. Quando em lucta co'a morte me contemplo, Sem haver já no mundo quem me valha, Do vosso grão poder, que grande exemplo ! Venceste; e em memoria da batalha Penduro nas paredes d'este templo, Rasgando um novo Lazaro a mortalha.
Página 38 - Chama a quadrilha, como diligente, Entra, busca e não acha o malsinado. Acha a mulher, que tinha por toucado A torre de Belem; ella que o sente, Banhada em pranto, desmaiada a frente, Prostra por terra o corpo delicado.
Página 16 - E coisa feia; mas inda é mais feio O semblante de um velho com bexigas: Das roxas marcas, que no rosto trazes, Tua grande bondade me dispense; Ajunta este favor aos mais que fazes...

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