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Entretanto um chantre velho,
A quem a rodeira engoda,
E que em fechando o Evangelho,
Váe metter dentro da roda
O seu cachaço vermelho;

Freiratico por fadario,
Tão goloso, como amante,
Condecinhas pelo armario,
E sobre a deserta estante
Manjar branco, e o breviario;

Que em pôdre philosophia
Sectario da antiga lei,
Os Universaes sabía,
E armado do a partè rei,
Tudo a eito distinguia;

Arranca oleoso escarro;
Diz á rodeira um conceito
D'aquelles, que já tem sarro;
Mette os oculos no peito,
Throno de amor, e catarrho.

Pois já que estes peitos vão
Franca entrada offerecer-te,
Amor carrega-lhe a mão;
Aprendam a conhecer-te,
Mas paguem caro a lição:

Mette n'um carcere a dama;
Do bom chantre os calcanhares
Vão curtir gotta na cama;
E o secular cruze os mares,
Que foi descobrir o Gama;

E se queres empregar
As tuas settas de prova,
Quando alva lua raiar,
Váe sobre a Ribeira Nova
As azas equilibrar:

Brancos vestidos tomados,
Descobrindo as sáias altas;
Entre as nuvens os toucados;
E com esbeltos paraltas
Os braços entrelaçados:

Verás ser acceito logo
Teu riso enganoso e brando;
Não esperam por teu rogo;
E em tu do alto assoprando,
Verás chammejar o fogo:

Que alvos dedos delicados
A furto se vão beijando,
Em quanto os paes descuidados
A loja nova admirando
Pararam embasbacados!

Verás sisudo estrangeiro Contando grossos tostões Ao refinado brejeiro Correio de corações,

Que se compram por dinheiro:

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