Entretanto um chantre velho,
A quem a rodeira engoda,
E que em fechando o Evangelho,
Váe metter dentro da roda
O seu cachaço vermelho;
Freiratico por fadario,
Tão goloso, como amante,
Condecinhas pelo armario,
E sobre a deserta estante
Manjar branco, e o breviario;
Que em pôdre philosophia
Sectario da antiga lei,
Os Universaes sabía,
E armado do a partè rei,
Tudo a eito distinguia;
Arranca oleoso escarro;
Diz á rodeira um conceito
D'aquelles, que já tem sarro;
Mette os oculos no peito,
Throno de amor, e catarrho.
Pois já que estes peitos vão
Franca entrada offerecer-te,
Amor carrega-lhe a mão;
Aprendam a conhecer-te,
Mas paguem caro a lição:
Mette n'um carcere a dama;
Do bom chantre os calcanhares
Vão curtir gotta na cama;
E o secular cruze os mares,
Que foi descobrir o Gama;
E se queres empregar
As tuas settas de prova,
Quando alva lua raiar,
Váe sobre a Ribeira Nova
As azas equilibrar: