Se a febre atraiçoada em fim declina, Sem Vós debalde a experta medicina Quando em lucta co'a morte me contemplo, Vencestes; e em memoria da batalha 593393 A SUA ALTEZA N'esta cançada triste poesia Vedes, senhor, um novo pretendente, Sobre alto throno ha annos que regia Qual modesto capucho reverendo, Em mim conheço vocação igual: A SUA ALTEZA De bolorentos livros rodeado Longo tempo em pedir tenho gastado, O ponto está em que, quem póde, queira, Que tudo o mais è trabalhar errado. Principe augusto, seja vossa a gloria: Fazei que este infeliz ache ventura; Ajuntae mais um facto á vossa historia. Mas, se inda aqui me segue a desventura, Cedo ao meu fado, e vou co'a palmatoria Cavar n'um canto da aula a sepultura. A SUA ALTEZA Por espalhar crueis melancolias Não vi n'aquelle, como nos mais dias, As Tagides gentis não levantavam Ao lume d'agua as cristallinas tranças; Seus hospedes reaes não esperavam : Dormia o vento sobre as ondas mansas; Só na deserta praia revoavam, Alto senhor, as minhas esperanças. A SUA ALTEZA ་ Qual naufrago, senhor, que foi alçado Pois vencestes as teimas do meu fado, Não é digna de vós minha escriptura, Nem harmonia, nem estilo a adoça; Mas valha-lhe, senhor, vontade pura. Principe excelso, consenti que eu possa Fazer inda maior minha ventura, Contando ao mundo que foi obra vossa. |